segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Em volta do Douro

Marta, a minha namorada nasceu e viveu os primeiros anos da sua vida na região do Porto.
Como vive há muitos anos na grande Lisboa e raras vezes voltou aos lugares de infância que ficaram gravados na sua memória, resolvemos dedicar um fim-de-semana a estes lugares (Porto, Gondomar e Penafiel). Fui um pouco ambicioso e planeei ainda visitar os monumentos Cistercieses mais importantes desta zona.
O inicio desta viagem deu-se no sabado com a saída de Lisboa, por volta das 10h, com destino a Tomar (tinha em atraso a compromisso de entregar lembranças no hotel dos Templários e no Convento de Cristo onde, com um grupo de amigos, fizemos um belo passeio há uns tempos atrás). Tomar é uma cidade linda. Embora estivesse planeado ser um lugar de passagem não resistimos a parar o carro e dar uma volta naquele parque belíssimo e acabamos por dar um espreitada no Pavilhão Desportivo onde se realizava uma prova de aeromodelismo Indoor. Numa altura em que os desportos de massas dominam o país e gratificante ver que outros desportos teimam em sobreviver. Fazia-se tarde, havia que seguir caminho. Próximo destino Mosteiro do Lorvão. A viagem era longa e a estrada convidava a velocidade moderada, então resolvemos almoçar pelo caminho, escolhemos a pequena vila de Penela, num restaurante muito simpático, "Varandas do Castelo" no largo do mercado.
Já com outra energia lá retomamos o caminho na direcção de Penacova-Lorvão. Ainda antes de chegarmos ao destino o apelo dos foguetes da festa de S. Sebastião desviou-nos da estrada principal e levou-nos a um parque de Moinhos com uma vista fantástica, os moinhos de Gavinhos. Perdido no meio da floresta, lá bem no fundo do vale e junto a um riacho (requisito importatissimo na escolha dos locais onde se estabelecia a ordem de Cister) lá avistamos o Convento. Quando alguem se dirigiu a nós para nos "ajudar" no estacionamento não quisemos acreditar que os arrumadores já tinham chegado ali, rapidamente percebemos que eram utentes do hospital psiquiatrico estabelecido ali nos antigos dormitórios do convento. Se o primeiro pensamento foi o de que era uma situação que não ajudaria a promoção do monumento logo pensei que por vezes é preciso que a realidade nos entre pelos olhos dentro para a conhecermos. O facto de um destes doentes se ter dirigido a nós, e, sem qualquer introdução prévia, nos ter desabafado que tinha feito anos no dia anterior e que ninguem o tinha visitado deixou-me a pensar ...
Ao entrarmos no Mosteiro logo fomos abordados pelo guia que simpaticamente se ofereceu para nos mostrar tudo em troca de 1€. Debitou com algum detalhe as informações que tem para apresentar mas não se sentiu muito confortável quando interrompi a "cassete" para uma pergunta ou outra mais específica.
O Mosteiro é muito semelhante ao de Cós, talvez em melhor estado e ainda com o claustro em razoavel estado de conservação. Impressionou-me a qualidade artística dos cadeirões, a quantidade e qualidade das obras de arte que talvez merecessem outra atenção e, pela negativa, o facto de a obra de restauro do orgão estar em litigio há já 15 anos entre o IPPAR e a empresa que efectuava a obra.
Embora ainda fossem 17:00 horas, infelizmente nesta altura do ano a noite cai cedo e os monumentos normalmente têm horário laboral equacionamos então se justificava irmos ainda naquele dia visitar outro. A decisão foi, já que estavamos perto, fazer uma visita (e umas compras) à loja da Quinta do Cabriz, que para além de produzir umas preciosidades é da terra da minha cunhada (Carregal do Sal). Fomos atendidos pela Sra Ana Paula, responsável pelo Enoturismo da quinta, que simpaticamente nos deixou o convite para irmos com mais tempo fazer uma visita às instalações. Entretanto lembrei-me que aquando do casamento do meu irmão, tinha ido de vespera e tinha jantado em Canas de Senhorim, no restaurante "Zé Pataco" o famoso prato "Sola", um bife que não cabe no prato. Resolvi mostrar esta especialidade à minha namorada, mas como já tinham passado 10 anos não me lembrava o quão grande era o bife, a nossa sorte é que o empregado percebeu mal o pedido e só trouxe um dose, ufa.
Depois daquele repasto digno de um abade, havia que fazer mais uns quilometros até o local da pernoita, Amarante. Pena foi ter feito este caminho já sem luz, o serpentear pelas encostas do douro revelanos uma paisagem deslumbrante.
Já no domingo e depois do pequeno almoço no hotel Amaranto com vista sobre o rio, fomos tomar o café ao sempre romântico largo de S. Gonçalo. Depois deste desvio ao objectivo inicial, chegara a altura de retomar o objectvo inicial, os lugares de infância da Marta, para começar Meinedo.
Como já era hora de almoço o monumento que a Marta me quis mostrar estava fechado, mas alguem que ia a passar (penso que seria o paroco) fez o favor de nos abrir as portas e fez-nos uma pequena visita guiada, onde se foi lamentando da intervenção do IPPAR que manteve o magnifico Altar-mor mas alterou tudo o resto sobre o pretesto que era posterior ao séc. XIII ?!?
Já a caminho de Gondomar, e depois de termos tentado encontrar sem sucesso o caminho para o "Monte Mozinho", ruínas de um povoado romano, descobrímos um museu ao ar livre, o museu da broa. Pequenas azenhas no meio das lages centrais do rio, onde eram muídos os cereais.
Num outro desvio da estrada nacional fomos descobrir o Mosteiro de Bustelo. Se o edificio principal parece bem conservado, outro lateral traz-nos um sentimento de revolta por termos património tão belo no nosso país e tão mal tratado, num edificio com uma fachada belissima mas já cair funciona um bar onde não foram tidos quaisquer cuidados na adaptação do edificio à estrutura comercial, uma vergonha. Aliás, logo ao lado, junto a uma capela tambem muito bonita está a casa mortuária de traça ultra-moderna. O fim-de-semana acabou no Porto, viajando no metro, no funicular de Guindais e a pé e visitando os monumentos mais emblemáticos da cidade. É maravilhosa aquela avenida dos Aliados, pena não ter mais divulgação nacional, culpa talvez dos sentimentos bairristas que ainda assolam o nosso país.



Pontos positivos
Tomar - 2 técnicas recuperavam com pormenor impressionante o brasão da cidade esculpido num dos pilares do portão de entrada no parque.
CTT no Porto aberto ao domingo

Pontos negativos
IPPAR - Impasse na resolução da obra de restauro da orgão do Mosteiro do Lorvão

Nasceu um Blog

Nasceu o blog onde eu irei tentar relatar as viagens que faço.
Inspirado pelo meu amigo Jose Gonçalves no seu blog Por Entre Montes e Vales, resolvi criar tambem um blog onde tentarei partilhar as minhas experiências nesta actividade tão prazerosa como é o passeio. Pena tenho de não ter a mesma qualidade de escrita do meu amigo.
O objectivo é partilhar experiências, elogiar lugares, eventos ou acções e denunciar situações.
Para além dos passeios que irei fazer, tentarei buscar na minha memória alguns que já fiz.
Aguardo comentários e sugestões.